Sinto-me revoltada, admito.
Sinto que a vida não é justa, o destino não existe e nada disto faz muito sentido.
Não consigo encontrar qualquer explicação na teoria mais metafísica.
"O que é que andamos aqui a fazer?" perguntou-se "Para quê?"
Claro que sei para onde vou, pois concerteza, ainda não enlouqueci.
Sei para onde vou e imagino um caminho a percorrer.
Pois sim. E então?
Sempre senti que temos de fazer alguma coisa de útil com a nossa vida.
Talvez por causa dele.
No mínimo deixar um testemunho, do género "Passei por aqui e foi assim:..." Sempre pode servir a alguém. Género Anne Frank, mas sem guerra.
Sempre me senti especial.
É natural. Se tanta gente o conhece muita gente me conhece a mim.
Senti-me sempre um pouco vigiada.
Senti sempre que as minhas acções teriam consequências.
Talvez daí a ânsia de procurar pessoas inconsequentes, fugir para actos inconsequentes onde niguém me veria. "Pensam que sabem tudo sobre mim?..." pensava para mim.
Daí a pensar que haveria uma lógica no processo acção-reacção foi um passo de criança.
Daí pensar que deveria existir qualquer bom-senso cósmico-divino que regulava os nossos destinos e o amor sairia sempre vencedor. Tratar-se-ía de um estado avançado de poder da mente. Qualquer coisa.
Pensava que os dramas eram criados nas cabeças dos outros, como sabia eu criar os meu próprios.
Pensava que se fossemos perfeitos tudo seria perfeito.
E eu estava predestinada a uma das mil formas que existem de perfeição.
Pensava mal.
Teoria do caos.
Uma borboleta terá batido as asas.
sexta-feira, dezembro 09, 2005
Terapia I
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