Calores

Se os 2 meses do Pimpolho foram ilustrados com um imenso sorriso, os 3 meses estavam para ser ilustrados pela novidade do mês: a beicinha.
A beicinha perfeita, de lábiozinho dobrado como manda o figurino, à qual só não acho mais graça porque sei o que vem a seguir.
Mas o rapaz nem deu tempo para fotografar tal proeza pois passou o dia em que fez 3 meses saltando essa parte directamente para o choro desmedido.
E chorou, chorou, chorou...

Pensei que fosse de tudo.

E ele chorava...

Pensei que fosse de nada.

E ele chorava...

Fiz de tudo.

E ele chorava...

Muito calor, pensei.

E ele chorava...

Mas ao colo, onde até faz mais calor, ele já não chorava!

Não fiz mais nada.

E ele chorou...

E eu li e reli os meus gurus.

E ele chorou...

Seja qual for a razão profunda que tenham para tomar essa atitude, todos esses pais se sentem excessivamente inclinados para fazerem abstracção dos seu próprios direitos e comodidades, ou para ceder com demasiada facilidade a qualquer pedido do bebé. Tudo isso não teria importância nenhuma se o bebé soubesse o que pode pedir..., diz Benjamim Spock (guru da minha mãe, de quem herdei o livro)

E ele chorou...

«Quando entrei no seu consultório, desatei a chorar[...]Foi aí que me salvou a vida. Lembra-se?» Como não respondi ela continuou: Deixou-me acabar e, num tom muito indiferente, disse-me: «De qualquer modo, ele não tem outra mãe como a senhora, tem de se desenvencilhar», resposta para tudo de Aldo Naouri

E ele chorou.

E no fim do dia fomos todos refrescar as ideias para a praia.

E à noite dormiu como um anjo.