segunda-feira, janeiro 28, 2008

"... o pão, habitação, saúde, educação..."

Portalegre e (logo seguida de) Évora são das cidades do país onde o pão é mais caro.
Segundo ouvi ontem na SIC o preço de uma carcaça em Évora será o mesmo que no Funchal.

Pois então: num mundo em que se comem cerejas em Dezembro, em que as maçãs são medidas aos palmos e em que já nem temos hipóteses de escolher as mesmas que os pássaros (que sabem bem melhor que nós quais são as mais saborosas) e até já existem melancias cúbicas, porque é que o pão não há-de ser ao mesmo preço nos Açores e no Alentejo?
Pois então: num país em que se deitam fora das melhores laranjas do mundo preferindo as estufas de Almeria ao clima natural do Algarve, em que se deixa de poder beber a ginginha que nunca fez mal a ninguém em décadas de existência, porque é que o pão não há-de ser mais caro no Alentejo que no resto do país?

Não me espanta que o preço do pão em 1974 não possa ser convertido em euros por não existir moeda suficientemente pequena (segundo a mesma fonte), em 34 anos é natural que os preços subam.
O que é tão natural como "um preto de cabeleira loura" é que a seguir se veja o Engº Sócrates a activar a rede de distribuição de água do Alqueva enfatizando a mais valia que é para o desenvolvimento da região...nomeadamente em termos de turismo (Ah! pois foi, já me esquecia! o importante para o senhor é mesmo o turismo).
Pois então, quando os portugueses se limitam a fazer hotéis nos terrenos que os espanhóis ainda não compraram para agricultura...

Para quando uma bela açorda alentejana feita com "medianas"? Ou mesmo com "baguettes"!





img: Lima de Freitas
no Blog da Rua Nove



Viemos com o peso do passado e da semente
Esperar tantos anos torna tudo mais urgente
e a sede de uma espera só se estanca na torrente
e a sede de uma espera só se estanca na torrente
Vivemos tantos anos a falar pela calada
Só se pode querer tudo quando não se teve nada
Só quer a vida cheia quem teve a vida parada
Só quer a vida cheia quem teve a vida parada
Só há liberdade a sério quando houver
A paz, o pão
habitação
saúde, educação
Só há liberdade a sério quando houver
Liberdade de mudar e decidir
quando pertencer ao povo o que o povo produzir
quando pertencer ao povo o que o povo produzir

Sérgio Godinho - Liberdade (1974)

Para quando a reforma agrária?

6 comentários:

magarça disse...

Ou açorda feita com bolinhas de golfe..

mir disse...

eheh! também é uma forte possibiliade, realmente...

Anónimo disse...

não digas blasfémias mir que ainda és considerada anti-portuguesa e anti-europeísta. já vista o que era dar a terra a quem a quer trabalhar? e depois quem comprava às franças e inglaterras os produtos que poderiamos bem produzir cá? isso não se faz. qualquer dia também vais andar por ai a dizer que o povo tem direito a uma vida digna e que potencie o seu desenvolvimento pessoal? não se faz ;)

Suzi disse...

ai, a reforma agrária...
quando?
quando aí?
quando aqui?

passarola disse...

oh! o que era da açorda sem o bom pãozinho alentejano... é o melhor do mundo, não é estranho que se faça pagar caro... desde que mantenha aquele travozinho que o distingue de todos os outros. Viva o pão alentejano... engorda, mas é tãããão bom! :)

dama disse...

muito bom, vizinha da casa onde se comem as boas açordas :)