Pela primeira vez não voto na província.
Cedi ao luxo de ver na internet onde é a minha mesa de voto, cedi à tentação de opinar sobre a capital.
E, para estreia, não me posso queixar: com 12 candidatos por onde escolher é de uma pessoa se sentir importante...ou impotente?!
Pela primeira vez dei-me ao trabalho de ir espreitar os programas de todos os candidatos.
Mas além da árdua tarefa de conseguir fixar todos eles... escolher parece o fado do 31!
Nem me pareceria mal ter um fadista como presidente da Câmara, se fosse alguma coisa mais que isso e não se esbarrasse à partida com a frase "o rei é de todos e para todos" mal se entra no site. Assim, parece-me mais indicado que o Câmara se limite a participar na "semana do fado" que o PNR gostaria de organizar e, cantado, espantassem os seu males edixando a Câmara gentes mais sensatas.
Infortunadamente Manuel Monteiro não poderia participar desta festa, que a preocupação com as bostas dos cavalos poderia trazer-lhe problemas se pensarmos que ao espírito nacional se junta a tauromaquia...ou será que as bostas dos cavalos lusitanos cheiram a manjerico?
O Telmo Correia, por seu turno, está mais preocupado com as paredes do que com o chão. Houvesse "prevenção primária" à toxicodepedência e seríamos todos mais felizes.
Era tão simples: tiravam-se de Lisboa os imigrantes - não sei se voltariam os emigrantes para ocupar esses postos de trabalho -, prevenia-se a toxicodepêndência e a cidade ficaria muito mais limpa se a Câmara fosse ocupada por estes senhores.
Na minha humilde opinião pessoal, o mais importante seria mesmo retirar as cavalgaduras de Lisboa.
Três estão, portanto, excuidos da lista de escolhas possíveis.
Quatro, se somar quem não distingue o IPPAR da EPUL, da EPAL e ainda assim insiste em extinguir...não percebi bem o quê.
Dediquei-me então ao estudo do programa do preferido, segundo as sondagens. (Vote ou não vote nele, há muito quem vote: convém estar alerta!) É um estudo complexo que exige bastante tempo e concentração.
Não posso deixar de me congratular com a conclusão de que o grande número de analfabetos, nomeadamente funcionais, e todos os estudos sobre a dificuldade dos portugueses com a sua língua não se aplique a Lisboa. Só assim compreendo que tanta gente pense em votar em alguém com um programa tão denso e intrincado que - peço desculpa publicamente pela minha ileteracia - não tive capacidade de perceber.
Prometo que nas próxima eleições peço ajuda a um professor para me ajudar a compreender que medidas são, afinal, propostas. Nestas não tive tempo.
Já Helena Roseta tem propostas para tudo e para todos. Directas, práticas, concisas, propostas de cidadãos que se unem na luta pelas nobre causas: "cultivar a memória, antecipar o futuro", diz-nos. Pois concerteza, "o sonho comanda a vida"!
Só não compreendo a preocupação de tão nobre senhora por o seu nome não constar no boletim de votos. Mas porque apareceria? Não é um movimento de cidadania?
Ruben de Carvalho, certamente confiante no reconhecimento do trabalho feito, não hesita, também cultiva a memória e antecipa o futuro: "Ontem, como hoje, o mesmo caminho..."
Que "o Zé faz falta", penso que não haverá dúvidas, ou não estariam todos os candidatos e apoiantes nos diversos quadrantes com este slogan na ponta língua. Segundo as sondagens o Zé será eleito para mais dois anos a remar contra a corrente. Quem mais faz falta do BE a Lisboa? Ora bolas! Vi o site e passou-me o resto da lista de candidatos...
Por esta altura já não temos rei, não temos imigrantes, não temos cavalos, não temos salas de chuto mas também não temos grafittis e também não temos uma instituição a definir.
Temos gente que domina a língua portuguesa mesmo quando escrita em espiral, que sonha um mundo melhor, que se preocupa com os trabalhadores, que sabe que as trafulhices "no passaran" e que, se votar no Movimento Partido da Terra, os cruzeiros também "no passaran" no Tejo.
A regular-me pelas frases chave de cada candidato só poderia votar no Garcia Pereira.
Por favor: "É preciso salvar Lisboa"!
...(mmm) falta-me um...
Ah, pois! Mas esse não é aquele senhor que acompanhou o processo que nos leva a ir a votos?
Segundo os telejornais "os partidos apostaram forte nesta eleições intercalares para a Câmara de Lisboa".
A ser assim, ou o país está mesmo fraco ou sou eu que tenho visto mal este arraial.
Devo ter tido azar!
sexta-feira, julho 13, 2007
Votar em Lisboa
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2 comentários:
A melhor e mais divertida análise que li sobre estas tristes eleições! Nunca tive tanto por onde escolher e tão pouca vontade de o fazer...
E a mais cheia de gralhas...apercebi-me entretanto!! :)
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