- e não é fado! - respondeu-me a Sophy - antes fosse! fado, tunas, qualquer coisa era melhor.
Pelos quiosques, pelas farturas, pelo terreiro quase deserto poderia perfeitamente ser uma festa de aldeia, mas não: era a Semana Académica de Lisboa.
(o que faz um grupinho de quatro tristes entre os 28 e os 34 anos, dois deles rumo ao doutoramento, na Semana Académica? é uma boa questão. as intenções eram as melhores: diz que ia estar lá um DJ que justificava a viagem...aguardamos confirmação do único que ficou para ver.)
Duas horas de música (se é que se pode chamar música áquilo) sucessivamente pior.
Ao princípio era "Axé", segundo anunciaram, e o brasileiro que estava connosco começou imediatamente a torcer o nariz.
Mas a menina sempre se abanava com a graça que só a brasileiras têm e passou.
- estamos velhos? - a Sophy tentava arranjar uma justificação para o nosso desconforto
- a ver por esta amostra não estamos a perder nada. - tento sempre encontrar alguma coisa de positivo nas situações mais desesperadas.
Depois piorou. Qualquer coisa entre Zé Cabra e Quim Barreiros com uns toques de "Levanta-te e ri". Aguentámos histoicamente.
Pelo caminho ainda passeámos pelas barraquinhas das faculdades na esperança de descobrir alguma coisa que nos animasse, mas quando passámos na da Faculdade de Arquitectura e ouvimos "vou partir, naquela estrada..." a esperança desapareceu e quis partir também.
Ainda piorou mais. Quando respirávamos de alívio pensando que a tortura tinha terminado chega ao palco segunda dose de disparate completo nessa mistura de brejeirisse com desafinação. Impossível aguentar!
- o que é isto? - perguntou o brasileiro que achava que "Axé" era mau.
- isto é o que cantam os bêbedos no fim dos casamentos e "daqueles" casamentos..! - foi a única resposta que me ocorreu.
Quando saímos faltaria meia-hora para o tal DJ, mas não aguentávamos nem mais um minuto.
- e são "isto" estudantes universitários!?! - indignava-se a Sophy.
- calma, afinal está cá pouca gente... - respondi sem convicção.
quinta-feira, maio 10, 2007
"Tudo isto existe, tudo isto é triste..."
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