Leio o desassossego de Pessoa enquanto desespero por um autocarro.
É Domingo. Quanto mais cedo chegar ao trabalho mais cedo saio. O autocarro não chega e já passaram dois 708. Fico sozinha na paragem.
Tocam os sinos da Igreja dos Anjos. Nunca me lembro que é realmente uma igreja e surpreendo-me de ouvir os sinos tocar, apesar de ser Domingo.
No tempo entre os dois autocarros podia chegar a pé ao Martim Moniz - para quê o autocarro?... Continuo a ler, não me consigo levar a pé até ao meu destino, preciso de ajuda, preciso um autocarro.
Acaba por chegar:"Cemitério da Ajuda". A parte do cemitério parece-me uma piada de mau gosto, afinal vou só trabalhar, apesar de ser Domingo. Non-sense é o "Cemitério dos Prazeres", vou rindo para mim própria destes disparates enquanto o autocarro passa em frente à Igreja dos Anjos.
Dos Anjos para Santos, de Santos para os Anjos. Sempre estou melhor que o outro, que nem saia da Rua dos Douradores. E mesmo assim fez tanto, escreveu tanto. O que poderia escrever entre Santos e Anjos.
Dos Anjos para Santos, de Santos para os Anjos...
...ensinam-me a voar?
domingo, março 25, 2007
(sem título I)
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1 comentário:
Ter que trabalhar a um domingo já é desesperante... Imagino, ter que esperar por um autocarro que nunca mais passa!
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