quarta-feira, março 07, 2007

À espera da Primavera

Aos poucos as palavras vão ocupando o lugar dos números.
Aos poucos, que as recuperações são tão mais lentas quanto mais frequentes.
Aos poucos, que outros números aparecem.
Aos poucos, que não há desenhos que abram espaço à imaginação.
Aos poucos, que as palavras demoram a sair dos arquivos.

Aos poucos vai sendo menos difícil sair da cama.
Aos poucos espera-se que a roupa mude no roupeiro.
Aos poucos, que pouca serve e desespera-se pela que não venha a servir.
Aos poucos vai-se acreditando que pelo menos a roupa fique mais leve.

Aos poucos vai-se acreditando em dias melhores.
Aos poucos os dias tornam-se maiores, prometendo sem cumprir.

Aos poucos...

Um dia depois do outro...
Uma hora depois da outra...
Obriga-se a esperança a nascer a cada minuto.

Rega-se.
Aos poucos, tentando não a afogar num interminável inverno.

11 comentários:

Anónimo disse...

à autora deste blog
sou ontem tive contacto com o seu blog, por algo de que gostamos, refiro-me ao disco "operários do Natal". Confesso, eu k kuase nunca choro, que uma lágrima, quase ..., mas pudera 30 anos depois saber que alguém ainda se recorda daquele eterno disco, onde o puto que cantava "indios e soldados, carrinhos de corda, um tambor(rrrr) e um balão", irá passar a outras gerações emociona. Naturalmente refiro-me ao puto k era eu

obrigado
1 beijo
carlos

miak disse...

Aos poucos a vida vai passando...
Espero sempre que seja melhor...

gnoveva disse...

nem dei pelo Inverno. este ano deve ter vindo um primo afastado do dito. se calhar estava constipado..

hazey jane disse...

sabes aquela sensação de não ter nada para fazer, de estares deitada na areia com o corpo quase a estalar de quente, mas bom, barriga para baixo, os olhos semi-cerrados por causa do sol, cheirar a protector solar, escolher entre ler um livro ou só sentir, ou dar uma corrida até um mergulho, habituar à água, nadar até aborrecer voltar à toalha e ao sol. escolher altura de ir jantar, cozinharem para ti, saíres a tempo de ver um pouco do pôr do sol. não saberes se preferes dormir uma soneca com toda a moleza ou vestir bonito para sair e mostrar o bronzeado novo? e dançar? e ver muita gente amável e sorridente na rua? isto existe, não existe? pelo menos num dia em todo o ano existe... tenho cá ideia que também existe para ti. vai-te recarregando para esse dia. e outros. bonita*

mir disse...

Caro Carlos: não pude deixar de ficar sensibilizada com o comentário deixado no "Postal de Natal". Na verdade fiquei mesmo um pouco...entupida. Sem saber como/onde responder. E responder o quê?
Obrigada. Obrigada pelo comentário, mas principalmente por cantares para nós, para sempre!

mir disse...

Nuno: também espero que sim, que melhore! Prefiro quando somos nós a passar pela vida do que quando deixamos a vida passar por nós.... mas há momentos que o melhor é ficar sossegadito e esperar que passem!

Genoveva: sortuda! Eu até gosto do Inverno, mas já chega.

Angi: Então não sei... é acreditar que esse(s) dia(s) que justifica esperar que os outros passem!

Suzi disse...

por aqui,
aos poucos o sol e a sombra vão dando lugar às folhas que caem...
sai o verão,
vem chegando o outono.

mir disse...

"São as águas de Março fechando o Verão", Suzi!

mafaldinha disse...

Lembraste-me com este post uma canção que eu costumava cantar há uns anos atrás:

And remember, in the winter
Far beneath the bitter snow,
Lies de seed, that with the song's love
In spring becomes The Rose


Os nossos invernos duram às vezes mais do que o sol escondido e o frio lá de fora; mas há um castelinho, numa praceta sossegada, numa terrinha perdida no tempo e na paisagem, onde para ti haverá sempre primavera.

mafaldinha disse...

Carlos,
há discos que são eternos, ainda que os não reeditem, ainda que muitos os desconheçam, porque para nós, que cantámos mil vezes "ai tanta linha, tanta agulha, ai tanto dedal..." ou "não nos mintam nunca mais, que mentir é uma vergonha...", este dico estará sempre presente.

Eu ainda o tenho, em vinil, guardado como o tesouro que é.

Ladybug disse...

Que grande verdade "nas recuperações que são tão mais lentas quanto mais frequentes". Infelizmente...
Mas (felizmente), aos poucos, chegará a Primavera. Para ti, para mim, e para todos os que dela precisem. Aos poucos, devagar, devagarinho... mas chega, e isso é que importa.
Gosto tanto de ti.