"Santos" na capital

Foto de "O Galito"
(não conheço, mas tem bom aspecto...)

Definitivamente os únicos "Santos" na capital são os de Junho e os da 24 de Julho. E são bem bons os primeiros (os segundo são mais discutíveis), mas não me convencem a deixar de celebrar a entrada no mês que reclamo como meu.
Não faço qualquer questão em visitar cemitérios; fi-lo uma vez, por puro interesse arqutectónico e distracção quanto ao significado do feriado, e ficou-me de emenda. Penso sim nas crianças a "pedir os Santinhos" de porta em porta e, principalmente, que em Lisboa não se come como deve ser.

Este foi mais um ano em que não houve Migas com Costado Frito, nem Papas de Milho, nem Broas de Milho.
Durante cerca de 20 anos houve dias determinados para certas refeições na casa gelada da minha Avó Antónia, mas com direito a braseira de carvão a seguir.
Dia de Ano Novo comia-se perú (não faço ideia porquê). No Natal reservava-se para casa da minha avó o Bacalhau com Todos que, no meu caso, como não sou particular fã de bacalhau, era substituído por "Bife de Perú com Todos" (uma mistura que não lembra a ninguém). Ambas as ementas terminavam com Arroz Doce ou Pudim de Ovos para sobremesa, que a minha avó não sabe fazer outros doces, como explicou todos os Natais e dias de Ano Novo ao longo de vinte anos apesar de ser mentira. Mas o meu dia perferido - correspondente à refeição preferida - era precisamente o "Dia de Santos", com as suas Migas com Costado Frito seguidos de Papas de Milho com mel e Broas de Milho entre o café e o lanche.
Sei que poderia comer boas migas em Alfama (só que aí era Árias que perdia o jogo do Benfica!), mas e as papas? E as broas amarelas com travo a erva-doce que só em casa da minha avó existem?
É urgente pedir as receitas.
Junta-las-ei à das Azevias, igualmente únicas e imperdíveis, que aprendi a fazer nessa casa gelada sempre de porta aberta à chuva, com o meu pai a amassar, quando pensava que havia uma ordem natural das coisas.

Os americanos que fiquem com as abóboras!
Este ano ainda me apanharam distraída, mas para o ano a tradição vai voltar a ser o que era.