sexta-feira, setembro 29, 2006

Correr por desporto



Depois de muita insistência resolvi dar uma hipótese a esse desporto que sempre vi como masoquista: correr.
Como se não chegasse o que uma pessoa corre porque tem que ser e se revoltar contra isso há quem insista que correr liberta o stress...

A mim sempre me enervou correr, deprimia durante o precurso e terminava com uma neura que ningém me podia aturar. Isto no tempo em que me obrigavam a correr por desporto e apesar de sempre ter reduzido o percurso tanto quanto possível sem o professor se aperceber (muito). Acho mesmo que se não encurtasse o percurso ainda hoje o professor lá estava à espera que eu chegasse...e eu já não corro há dez anos.
O único desporto onde me senti realmente bem durante a escola foi no andebol: especializei-me como guarda-redes!
Sou um pessoa tartaruga e sempre fui feliz assim. As lebres que se esfalfem, sei que as apanharei...

Ao longo do tempo em que deixei de ser obrigada a mexer-me vi-me obrigada a admitir que se a natureza nos deu pernas - por piores que fossem - era porque queria que as usássemos. Por outras palavras, senti nas pernas a teoria de Lamarck.
Com uma amiga muito semelhante a mim fui para a hidroginástica. Ao menos aí tínhamos o que nos ajudasse a lutar contra a força da gravidade, nos tapasse até ao pescoço e refrescasse a cara quando começávamos a parecer tomates de touca!
Arranjámos companhia e tudo parecia correr bem até as as velhotas nos encherem a piscina e nós que, ainda assim, conseguiamos mexer-nos um bocadinho mais, pirámo-nos dali...
Como me custa levantar cedo, mesmo para o que gosto, o tempo em que consegui ir para o trabalho a pé acabou mal deixei de estar obesa. Depois mudei de casa, depois casei-me e depois dei por mim a engordar sentada à frente do computador outra vez.
Convenceram-me a correr com os argumentos de ser um desporto sem horário, ao ar livre, o mais económico e localizado exactamente onde me interessa. Mas continuo céptica.

Comecei por correr à procura de um equipamento com o qual não morresse de frio no Inverno nem de calor no desespero.
Continuei a correr à procura de uns ténis que não fossem muito caros nem muito feios para, por fim, me deixar convencer pelo conforto de uns ténis horrorosos e caríssimos (entretanto apercebi-me que que todos os ténis para correr são de fugir!)
Quarta-feira fui para Belém tentar correr por desporto pela primeira vez.
Que inveja das pessoas sentadas no café!...
- Não aguento mais; doem-me as pernas, os pulmões, os ouvidos...Vai tu correndo e apanhas-me na volta.
- Parece que tens 40 anos! (na verdade passaram por nós uns senhores na casa dos 50 que corriam bem mais que eu)
- Qual é o espanto? Eu avisei; quando tinha dez anos já era assim!

"Quanto tempo correste?" perguntaram-me no dia seguinte no escritório "Correste até onde?"
Quem já me viu correr
disse apenas "Hoje 100 passos, amanhã 101."
Parece que mesmo a correr devagar se vai ao longe.

Hei-de ser uma avó com pernas fabulosas!...

4 comentários:

andreia salavessa disse...

Como eu te compreendo!!:)

Catarina disse...

Venho aqui em defesa das mulheres de anca larga!
Meu amor larga a corrida. Dá uns passeios em passo acelarado num rua que gostes ou à beira do rio e evita comer depois das 20h.
Deixa-te disso!!! :)
Vivam as ancas largas!!!!

menir disse...

Venho aqui postar toda a minha solidariedade e apoio, minha linda, estou com a lady.

mafaldinha disse...

Agora deu-te para a corrida, amiga? Consegues sempre surpreender-me. E olha que o essa cara linda quem se importa com as ancas largas (como diz a Lady, "vivam elas").