sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Gritar


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Há dez anos represeitei Pandora.
Tinha de gritar frevorosamente quando abria caixa e me deparava com os males do mundo. Faziam-se apostas se seria capaz de tal grito. Consegui, consegui gritar.
Não tenho qualquer problema nas cordas vocais, mas, em todas as actuações, não tinha medo de esquecer o texto ou cair quando dançava; sentia o peito apertado até esse último minuto em que gritava.

Oficialmente só gritei três vezes. Sonho com frequência que estou a ser assaltada, quero gritar e não consigo. Não sai som algum. A paranóia dos assaltos presegue-me desde sempre - já nem ligo - mas a incapacidade de gritar aflige-me. A todas as vezes em que gritei seguiu-se um espantoso silêncio acompanhado de inúmeros pares de olhos esbugalhados.
Em todas elas me senti pior depois.
Sinto-me como se tivesse deixado cair a mala no meio da rua, espalhando carteiras, canetas, papéis, pensos higiénicos e sabe deus que mais...

Queria deixar sair todos os males da caixa, mas a minha garganta não tem espaço suficiente.


Imagino que deva ter engolido uma rolha quando era pequena.
Sei que enfiei uma avelã no nariz, a minha mãe costuma contar essa história. Tavez, quando a minhã mãe estava distraída, eu tenha engolido uma rolha que continua entalada até hoje.






3 comentários:

Ladybug disse...

Eu puxo-a com um saca-rolhas!!
[Pelo menos tento...!]

Alexa disse...

Também tenho o mesmo problema :)

Ladybug disse...

Tu, Alexa, uma aquariana???
Isso é muito estranho... deves ter um ascendente muito forte, só pode!