Quando fiz 25 anos tudo era perfeito.
Fizemos uma grande festa e os meus pais convidaram todos os amigos lá para casa.
Tive até dois fatos: um para estrear no meu dia de anos (em que fui jantar com os meus amigos) e outro para a festa.
Fazia 25 anos, tinha acabado o curso e todos os estágios, tinha emprego no atelier de um dos melhores arquitectos na praça, tinha uma namorado candidato a noivo e tudo era perfeito.
Tinha conseguido ser perfeita, apesar de tudo...
Quando fiz 26 anos o Pai já estava doente.
Jantei com a Mãe e com Árias ao pé do hotel onde os meus pais ficaram (o único que encontraram com quarto para deficientes).
O Homem Que Corria Mundo ficou na cama, sem força para descer, de elevador, até ao restaurante.
Depois fez tratamento e ficou bem.
No Verão foram ao Brasil e eu e Árias fomos para os Açores.
Quando fiz 27 anos já tinha perdido o sonho.
Jantei com os meus amigos, como sempre, e, como sempre, estive com os meus pais no fim de semana seguinte.
Ofereceram-me um carro onde se vê o céu e comecei a procurar uma casa.
No Verão tinha sabido que M. ia ser pai.
Quando fiz 28 anos já tinha perdido o sorriso.
Quando eu tive a casa M. teve uma filha.
No Verão tinha aberto a porta da minha casa perfeita e O Homem Que Corria Mundo parecia não ter forças para transpor a soleira.
Quando fiz 28 anos já tomava anti-depressivos todas as manhãs.
Fiz uma festa na casa, convidei todos os amigos, vesti uma saia bordada e pus uma flor no cabelo.
Tudo o resto é perfeito.
És perfeito Árias.
És mais que perfeita Mãe.
sábado, novembro 19, 2005
Os meus anos
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1 comentário:
Meu amor. Li e reli. Sabia que eras tu. Amo-te para sempre minha amiga. Estou sempre contigo.
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